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Caros estudantes:
Muito obrigado por este convite.
Agradeço a oportunidade de poder partilhar as minhas reflexões sobre alguns dos desafios globais que enfrentamos: a covid-19, as alterações climáticas, os problemas no ciberespaço e a cooperação internacional.
Vivemos num mundo de inquietude. Já assim era antes da pandemia.
Mas a covid-19 provocou, simultaneamente, uma emergência sanitária, um desastre económico e uma crise de direitos humanos.
As Nações Unidas têm feito todo o possível para apoiar os países e as populações mais vulneráveis do mundo.
Com o lançamento das vacinas, há agora uma luz ao fundo do túnel.
O mecanismo COVAX começou a distribuir vacinas em todo o mundo, incluindo em alguns dos países mais pobres.
No entanto, preocupa-me profundamente que muitos países ainda não tenham recebido uma única dose, enquanto os países mais ricos, em alguns casos, acumulam vacinas.
O mundo deve unir-se para multiplicar a capacidade de produção e garantir que todas as pessoas, em todos os lugares, sejam vacinadas o mais cedo possível.
A recuperação também deve abordar as desigualdades e as fragilidades que a pandemia tem vindo a evidenciar e que alimentam a instabilidade e o mal-estar social a nível mundial.
Esta recuperação deve incluir a ação climática e a proteção do meio ambiente.
Os investimentos feitos para a recuperação devem impulsionar as energias renováveis e criar empregos verdes.
Temos visto muitos atores políticos e do setor privado a comprometerem-se com o objetivo de alcançar emissões líquidas zero até 2050.
Esta coligação representa agora 65 por cento das emissões mundiais de dióxido de carbono.
Mas devemos alcançar os 90 por cento até à COP26 que terá lugar em novembro.
Os países do G20 devem liderar o caminho e apresentar planos climáticos nacionais mais ambiciosos.
É igualmente importante conseguir avançar com medidas de adaptação, que não podem ser o parente pobre da ação climática.
Os doadores e os bancos multilaterais de desenvolvimento devem aumentar a proporção do financiamento para a adaptação, no mínimo, de 20 para 50 por cento até 2024.
Para além disso, os países desenvolvidos devem cumprir com a promessa de mobilizar anualmente 100 mil milhões de dólares para os países em vias de desenvolvimento.
Um outro grande desafio é o ciberespaço.
A pandemia tem evidenciado tanto o grande poder das tecnologias digitais como a enorme desigualdade que existe no acesso a estas ferramentas.
Devemos assegurar que todas as pessoas de todo o mundo têm um acesso acessível, significativo e seguro à Internet até 2030.
Necessitamos reforçar a cibersegurança e lutar contra a propagação digital do ódio e da desinformação.
E devemos ter voz e voto no uso dos nossos dados.
Isto também se aplica à inteligência artificial. Os humanos devem manter o controlo sobre essas tecnologias.
Devemos reforçar a governação mundial numa área em que esta falta em grande medida.
Esta questão leva-me ao quarto desafio: a cooperação internacional.
As tensões geoestratégicas continuam a ser elevadas.
Não é possível resolver os nossos maiores problemas quando os maiores poderes estão em desacordo.
Necessitamos evitar uma grande fratura que dividiria o mundo em dois.
Embarcámos numa profunda reflexão sobre como revitalizar o multilateralismo e apresentarei as respetivas conclusões em setembro.
Necessitamos de um multilateralismo em rede, que inclua todas as organizações regionais e multilaterais, as instituições financeiras internacionais e os bancos de desenvolvimento.
E necessitamos de um multilateralismo inclusivo baseado numa interação profunda com a juventude, com as mulheres, as empresas, as autoridades locais, as instituições académicas e filantrópicas.
Todos devem ter um lugar na mesa.
Necessitamos das vossas ideias e energia para o conseguirmos fazer bem e construir um mundo mais sustentável, mais justo e igualitário.
Muito obrigado.